segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Desporto na escola

Ao longo da história sempre se viram tentativas de grandes reformas que, quase sempre, corresponderam a espera de melhores dias por parte da estrutura alvo.
A tendência de grandes reformas, são depois substituídas por “pequenos passos” que quase sempre reflectem uma melhoria qualitativa, revelando mais eficácia na abordagem dos problemas. Ou como diria um antigo Director as grandes obras constroem-se com pequenas pedras que todos os dias nela se colocam.
O segredo pode estar na qualidade desses pequenos passos. As primeiras medidas podem provar o voluntarismo e decisões que respondem a necessidades do senso comum, mas nem sempre podem ter bons resultados. Algumas até podem nem ter viabilidade na sua aplicação.
Tal como um aluno, à medida que vai crescendo vai sendo sujeito e alvo do seu próprio processo educativo, a construção do “edifício educativo” numa escola requer tempo e acção de todos os intervenientes e sempre com a metodologia adequada.

No processo educativo que usa o desporto, também algumas pedras têm que ser lançadas para regularmente manter actualizada a intervenção do processo edificativo.
A escola requereu em tempos idos a exigência de tranfer para o seu interior das práticas desportivas como metodologia de educação. Hoje em dia, a escola requer no seu seio o combate a outras ideias. Estas podem vir a por em causa o valor educativo da prática desportiva.

Três ideias perigosas para o desporto que hoje fazem caminho na sociedade:
1- O desporto resume os seus valores à necessidade de movimento para melhoria da condição física e saúde;
2- O desporto como competição é mau e perigoso porque conduz ao extremismo na oposição social, à corrupção desportiva reflectida em actos com consequências à vista na sociedade e justiça portuguesa, etc.
3- A prática desportiva ocupa muito tempo ao jovem. Programado para obter o êxito na sociedade competitiva em que insere tem que ter tempo para “estudar”….


A escola tem que rapidamente, contrapor acções de oposição ou correcção a estas ideias.
Primeiro deve trazer para o seu seio a incorporação da educação para a saúde e o papel do desporto nessa acção.
Depois, ter presente que o desporto tem um carácter de omnipresença na sociedade pois ele toca na educação, na saúde, na prevenção, na inclusão, estilos de vida, cultura, economia, turismo, ecologia, etc. Mas ele também incorpora valores de ordem biológica, psicológica, social, moral, estética e pedagógica. E tendo isto presente, actuar na formação do jovem com uma formação cultural desportiva, interessante e abrangente.
Finalmente promovendo a discussão da qualidade do tempo. A melhoria da qualidade na ocupação do tempo do jovem é hoje em dia um passo muito importante na escola, na família e na sociedade em geral. Informar e formar na percepção da diferença entre a qualidade e a quantidade do tempo.
Tem que se reinventar uma visão diferente do papel do desporto na educação e na vida.
A mensagem da prática do desporto como necessidade educativa não passa. E as perspectivas de mudança não são muito boas. Os índices de iliteracia desportiva e de sedentarismo dos portugueses são evidentes e naturalmente preocupantes, tendendo mesmo a aumentar, não se vislumbrando uma clara inversão daquela tendência.
Teremos que tentar mudar. Mas estamos perante uma mudança cujo grau de eficácia é, para além de outros factores, condicionado pelos níveis de desenvolvimento cultural, educativo e cívico dos cidadãos, desenvolvendo ainda, normalmente, fortes resistências mentais na população-alvo. Logo, torna-se indispensável a persistência e continuidade da intervenção. Analisaremos e informaremos qual o contributo da nossa escola.

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